Não estou bem ▽

novembro 30, 2018


Acho que, é a primeira vez em muito tempo que digo num título -assim para começar - que não estou bem, com todas as letras.

Os meus pais  estão separados. Pois é, já vos tinha dito há uns tempos que as coisas aqui por casa não andavam muito bem... Não melhoraram.
A minha mãe queixa-se que o meu pai sempre foi muito desconfiado e o maior erro dela foi não ter deixado que as pessoas se apercebessem disso, e que está farta porque já são anos e anos a viver assim e que está cansada. A verdade é que ela pode ter a sua razão mas o meu pai também tem a dele... Ela não anda bem, ele diz que por causa do facebook - eu não tenho a certeza mas acho que é um grande causador sim - porque a minha mãe é a típica pessoa que não sabe usar o fb. Nos últimos meses, até de mim, qualquer coisinha que seja dita ela fica logo toda afectada e entra em modo defesa.
Concluindo, a minha mãe pode ter as suas razões para dizer que acabou de vez e que está cansada; mas o meu pai também teve as suas quando decidiu sair de casa, ele estava farto de certas atitudes, de certas "bocas".

Como estou a lidar com isto? Não estou. Não me fui assim abaixo completamente, tento manter-me forte e de pensamento positivo. Mas a verdade, é que me tem custado muito...Na primeira semana eu só chorava. Houve um dia em que a minha mãe não jantou comigo e eis que estava eu, na mesa onde somos éramos sempre 3 a jantar com o "Ceeertaaa" da Cristina de fundo, só, -no silêncio - com o meu comer mais mergulhado em água salgada que devia.

Uma separação é complicado para as crianças, mas tirem um minuto do vosso tempo para pensar como uma pessoa como eu deve reagir face a isto tudo. Os meus pais são, sempre foram e sempre serão o meu exemplo, para tudo. Ver o dia em que não estamos todos a partilhar uma casa como estou habituada desde o dia em que nasci não é fácil, de todo.
Eu adoro ambos, cada um à sua maneira, defendo cada um com os seus defeitos e qualidades. No dia em que tomaram a decisão -eu não estava, estava feliz no cinema com a Cath e a Carol... - decidiram que eu ficaria cá em casa com a minha mãe (porque sejamos sinceros, ela não teria para onde ir - não se dá com o meu avô - , enquanto que o meu pai sempre tem a casa da minha avó e a companhia dela) e se me pedissem a mim para ver com quem iria ficar eu não conseguiria dar uma "resposta", é-me humanamente impossível. Preciso da minha mãe ao meu lado tanto quanto preciso do meu pai, cada um com as suas coisas e as últimas semanas tem sido o real do pesadelo para mim...
Compreendam que eu estava habituada a ter a minha mãe em casa comigo normalmente, o meu pai depois do trabalho a jantar, ao fim de semana, para os mais banais afazeres que tivéssemos. Agora para passar uns mízeros minutos com ele tenho que ir até casa da minha avó, que não é muito longe ok. Imaginem que estão habituados a ter uma rotina com uma pessoa e, do nada, há uma quebra nisso... Eu quando chego à beira do meu pai, a maioria das vezes, eu literalmente não sei o que fazer (o que dizer!!)! Eu pergunto-lhe se está bem (dentro das circunstâncias), se tem dormido e comido como deve ser; ele pergunta-me como estão as coisas em casa, como anda a dissertação... E em todo esse tempo eu sinto um nó na garganta, o sistema nervoso que não pára e um turbilhão na minha cabeça (será que está mesmo bem? será que vai ficar tudo bem? o que falo? vou embora? fico mais um bocado? será que ele sente que eu o coloco mais em segundo plano em relação à mãe?), é terrível. E há dias em que, em casa com a minha mãe, eu sinto e penso o mesmo. É um pesadelo porque quase que 'conto' e penso milhões de vezes todos os passos que dou a todas as horas, porque não quero que ninguém se sinta mal. Não devia, cismo muito... Mas esta é a minha natureza, eu acho que é a característica que mais tenho dominante. Em relação a tudo e a todos: eu preocupo-me e não posso sequer imaginar que alguém se irá sentir mal ou deslocado com o que faço, porque eu sinto-me assim muitas vezes e não quero ser causadora do mesmo.
Por exemplo, domingo as minhas primas convidaram-me para sair e eu disse que sim, queria distrair-me porque preciso e desanuviar. Depois parei, Oh vou deixar a minha mãe sozinha ao domingo (ao domingo, por mais que estivessem chateados eles estavam sempre juntos em casa), ou O meu pai tinha-me dito para ir ver o jogo da terrinha com ele e eu disse que não queria. Não quero que ele fique triste e se sinta mal porque vou sair com as minhas primas em vez dele. (mesmo que ele tenha dito que não precisava de ir e que estava a chover e que o jogo tenha sido uma caca). Isto todos os dias basicamente das últimas semanas, ou até quando fico em casa e penso "será que a minha mãe precisa de ir a algum lado?" ou "podia sair e ir à beira do meu pai".

Pensem, vocês que já fizeram tese/dissertação ou que tem familiares e sabem como isto é, é um ano literalmente do caraças; de arrancar cabelos; de querer desistir de tudo a todos os instantes. A isto acrescentem os vossos pais a separar-se, uma rotina ao qual estão habituados que é quebrada....
Se eu não tivesse umas primas que me ajudam tanto, uma dissertação que apesar de puxada me dá gozo porque o tema me chama e não me faz literalmente sentir capaz de morrer como muita gente, eu estaria mesmo no fundo do poço, estaria! Mas é como me diz a minha prima: Eu, de há uns dois anos (situação do Stiles e Sophie) para cá, tenho todo um outro mindsite e vibes e tal. Estou com outro tipo de pensamento, que me faz encarar tudo de uma maneira que "quem dera a muita gente". Não sou eu que digo, são as primas. Eu acho que elas tem razão... Tento pensar que não é nada que me afecte directamente  como na saúde ou formação sabem? Tento manter o meu espírito apesar do espírito dos outros estar wrecked, e tento até mudar isso nos outros - o que nem sempre é fácil.

Ai desculpem, estou a falar muito. Ainda não tinha escrito sobre isto, e precisava. Mesmo assim sinto que escrevi tanto e ainda não disse nada.
Não quero que fiquem com a ideia errada, não estou contra a minha mãe. Apoio-a, apoio aos dois incondicionalmente. Juntos ou separados, só quero que estejam bem. Mas um factor fulcral é que a minha mãe precisa de ajuda, ela tem algum problema mental - estudem sobre isto, informem-se saúde mental é tão além de tabus!! - que eu sou tão a favor de se compreender e que não é apenas aquilo que a maioria das pessoas pensam (ah, eu fico tão trigered, tão a fervilhar com esta temática porque é tão importante, há tanto a dizer, há tanto a fazer!) E eu sinto que a minha mãe ainda é um pouco dessas pessoas, e das que precisa de ajuda e não reconhece, diz que está bem e não procura....
Eu sou a primeira, a fazer de psicóloga com eles os dois, eu falo com eles eu digo para procurarem profissionais, dou conselhos.
Mas no fundo, eu sou a filha. Acho que sou a que mais sofre com isto tudo, e ninguém (me) vê e percebe.

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8 comentários

  1. Ai quero tanto dar-te um abraço e um beijinho muito grande!!! Conta comigo para o que for preciso e um grande beijinho!!!

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  2. Fiquem sem palavras, minha querida. Muita, muita força! Acredito que deve ser daqueles momentos em que nos sentimos sem chão, por isso, envio-te toda a boa energia do mundo, ainda que gostasse de poder fazer mais <3

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  3. Querida desejo-te tudo de bom para a tua vida e para a tua família. As coisas hão-de se resolver pelo melhor.

    Abraço ***

    xleclairdelune.blogspot.pt

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  4. r: És um amor ❤
    Não tens que agradecer, minha querida, são de coração. No que puder, já sabes, estou aqui

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  5. Oh minha linda, esta publicação deixou-me mesmo tristinha e preocupada contigo.
    Embora esteja longe de imaginar o que estás a passar, acredito que não seja de todo uma situação fácil. E posto isto, não sei muito bem o que dizer.
    Talvez seja melhor assim, talvez eles estejam melhores separados do que juntos. Claro que foi uma mudança repentina nas tuas rotinas, mas vai tudo melhorar.
    Em relação à tua mãe, ajuda-a a procurar ajuda, insiste e não desistas.
    Força <3
    Um beijinho muito grande, qualquer coisa manda-me e-mail :)

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  6. Espero que as coisas melhorem :) Bom Ano de 2019, beijinhos :)

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  7. Olá! Já conheces o meu livro "Tudo o que Sempre Quis" lançado em Maio de 2018?
    Deixo aqui a sinopse:
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    Obrigada!

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  8. Posso dizer-te que me revi em muitas das tuas palavras. Desde há cerca de sete anos que a relação dos meus pais flutua por altos e baixos. No meu ano de mestrado/tese foi uma das piores fases. Tive que me impôr e dizer-lhes que não queria saber dos problemas deles. Fui fria, bem sei. Mas tive que pensar em mim, para bem da minha sanidade mental e para conseguir concluir algo que era o mais importante na minha vida. Soube agora, há cerca de 15 dias, que os meus pais estão a tratar de tudo para se separarem definitivamente. Já tenho 27 anos e não é por isso que é mais fácil. Passei este natal e o meu aniversário sabendo que foram os últimos em que estivemos todos juntos. É o acabar de uma realidade que conhecia desde sempre. Mas depois penso que talvez seja melhor assim. Para todos.

    Espero que a tua mãe compreenda que precisa de ajuda e permita ser ajudada. Espero também que esse peso que sentes se vá dissipando. Pensa em ti também. Pensa naquilo que precisas para não te deixares ir abaixo. Só assim terás força para apoiar os teus pais.

    Muita força. E um abraço gigante ❤️

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Não me diga que o céu é o limite, quando há pegadas na Lua.

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