Vi, senti e soube

setembro 16, 2015

está mesmo forte

Então, continuemos no tempo... Noite de domingo, dia de procissão. Pensaram que eu tinha ido para casinha descansar? Nah, nah... Jantar em casa da avó com os primos. É aqui que junto mais uma razão para dizer que aquele domingo foi emotivo, demasiado emotivo. Estávamos a jantar, e o meu primo que esteve na Suiça, irmão do nino, é quem está a falar. Eu sempre o admirei, sempre gostei muito dele, mas digamos que nem toda a gente sente o mesmo. Nem toda a gente gosta dele, e é muito criticado, inclusive pela própria família. Vou passar a citar então certas cenas que ele disse naquele jantar que me deixarem de lágrimas nos olhos e/ou arrepiada da cabeça aos pés. (a tudo o que será citado adicionem muita emoção, porque ele dizia tudo isto de uma forma... carregada)
"Eu não falo com os meus pais há 2 meses, desde que voltei para aqui, porque não concordo com certas cenas. Eles ligaram-me imensas vezes durante os primeiros dez dias e eu nunca atendia. Quando a minha mãe me disse que o meu irmão vinha para cá no verão todo e que ia ficar comigo eu não aceite... Porque o meu irmão é muito diferente de mim com a idade dele. O meu irmão está muito mal habituado. F***-se! Eu fui a uma loja porque precisava de comprar umas calças e tinha 20€ na minha carteira, comprei as calças. O meu irmão correu a loja toda e chegou à caixa, sacou do cartão de crédito dos meus pais e disse «Levo tudo!» e veio embora carregado de coisas! C******, eu com a idade do meu irmão já conduzia um empilhador na fábrica de cortiça de Coruche para ter dinheiro para o que queria! Os meus pais vêm que estão a falhar ao meu irmão em termos de carinho, sabem que não lhe estão a dar o carinho que me deram a mim. Porra! A minha mãe foi para a suiça e deixou-nos aqui sem pensar duas vezes. Mesmo sabendo que o meu irmão não queria ir para lá futuramente. E é onde ele está agora gente... Eu levei, levei de vassoura à frente da minha prima (aponta para mim e esboça um sorriso) mas tenho quase a certeza que o meu irmão ainda não sentiu uma mão. Acho que é isso que lhe falta um bocado. Bem, o meu irmão teria uma educação mil vezes melhor se ficasse comigo mais que os simples 3 meses das férias de verão."
Ninguém disse nada, mas todos sabiam que ele tinha razão.

Ele disse ainda outra coisa que me deixou a pensar, deixou-me a pensar mesmo muito, porque eu ainda estava sobre efeitos das férias no Algarve, farta de certas atitudes das pessoas à minha volta. E ele disse isto no final do jantar:

"Eu sei que sou um filho da ****. Eu sei, não preciso que me digam. Mas também,podia ter defeitos piores... Os meus pais podiam ter todas as razões de queixa e mais algumas e não tem, eu não bebo, eu não fumo, eu não me meto em drogas! Excedo os limites de velocidade de vez em quando, mas nada de mais! 
Eu sei que as pessoas me querem ajudar e eu não deixo. Eu sei que me isolo, sei isto melhor que ninguém, mas isolo-me porque quero. Porque não estou para aturar certas bocas. Mas também digo «Queres falar de mim, fala à minha frente que as minhas costas ainda não tem ouvidos e assim não serve de nada». Eu sei que tenho gente à minha volta que quer o meu bem, sei que muitas dessas pessoas não me vão ligar a perguntar se estou bem, quando tem de fazer fazem e é assim que gosto. Mas também sei que essas pessoas que fazem tudo por mim, terão tudo de mim também (e olhou para mim), faço os possíveis e os impossíveis. Com os meus ninguém brinca, comigo ninguém brinca."

Ele disse isto tudo e muitas vezes olhou para mim. E pela primeira vez em muitos anos a ser prima, eu senti carinho, eu senti que ele me via como família e que poderia contar com ele para tudo. Ele já me tinha dito isto muitas vezes, lá no fundo ele sempre quis expressar que se importava, mas naquela noite foi a primeira vez que eu vi, eu senti, eu soube que ele me via e sabia que eu sempre estive lá. Depois de ele ter dito, expressado isto, eu pensei para mim mesma "Não, isto tem de mudar. Ele tem razão. Se tu não gostas de certas atitudes tu não tens que as aturar, tu não tens que te calar e acenar Nea. Tu vais tomar uma atitude tu própria e que se lixe se os outros não gostam ou te vão repreender só porque não tens as mesmas atitudes e a mesma forma de pensar. Isto tem de mudar!"

Para além disto eu vi alegria (?) no olhos dele quando eu disse que estava em Criminologia e que o primeiro ano tinha corrido muito bem. Fez as tradicionais piadas de "já tenho quem me safe quando cometer crimes", ironicamente.


*Mudança de planos, o post sobre o concerto será amanhã. Se não seriam diferentes assuntos e muito texto.* 

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6 comentários

  1. Espero que participes no novo desafio do meu blog :)

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  2. r: Também adoro chocolate quente e ainda ontem fiz um muito bom. Como costumas fazer?

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  3. Não temos que fazer fretes, nem agir de determinada forma só porque os outros querem que o façamos. Temos que pensar por nós e agir conforme achamos ser o mais correto.

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  4. Gostei bastante Nea* É tocante a história dele, mas dá para ver que tens aí um primo às direitas e transparece que tem bom coração. E ele tem razão mesmo, não nos podemos calar a tudo...

    Beijinhos querida*

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Não me diga que o céu é o limite, quando há pegadas na Lua.

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